Ab aeterno

As minhas boas vindas a todos os que por aqui passarem. Espero que apreciem o que vos dou aqui. Os desenhos, as fotografias e os textos que publico são da minha autoria (caso não sejam eu mencionarei).

Usufruam.


segunda-feira, 10 de março de 2008

Alegoria do Mago


Em tempos que já lá vão um ainda jovem mago
De olhos da cor do céu e cabelos cor do carvão
Com delicadas e firmes mãos
Fruto da inocente sabedoria ainda apreendida
Tecia seguramente numa renda fina
A ainda prematura teia da vida.
Uma teia imaculada, forte porém delicada
Que aos olhos do Sol sempre reluzia

O mago vivia satisfeito,
Pregava aos rios e ás flores os seus escritos
Consolava o amargurado lobo selvagem,
Cantava aos pássaros ensinando-lhes maravilhosas canções
E à noite cortejava a Lua com doces melodias

Todavia, o tempo encarregou-se
De brincar com o jovem mago
Torturou-o e
Tornou-o num ser deveras sapiente mas um tanto angustiado
Agora, os seus olhos joviais enegreceram-se e
O cabelo ficou grisalho,
A pele encarquilhou,
As mãos ficaram trémulas e cobertas de calosidades
E a renda…! A renda outrora tão firme
Tornou-se desleixada
Descuidada como as mãos do mago.
A teia da vida
Pela velhice e pela amargura ficou marcada
E neste momento, não passa de um mero fio
Suspenso por uma frágil linha
Tecida por um decrépito velho cansado.

E tudo, porque foram escassos os jovens
Que o tempo permitiu deixar ousados
Para que aprendessem a arte da sabedoria
E assim restituíssem a magia,
A jovialidade que a teia da vida tanto aprecia.